Diário de Campanha: DCC da Galera Cap. 10

Arte por Sanjulian.

Após libertarem o gênio lunar e terem seus valiosos desejos atendidos, os personagens precisam partir de Hécate, a Lua, e voltar para casa. Mas logo perceberão que não será tão fácil zarpar, pois os temíveis Mestres da Lua estão furiosos com sua intromissão em seu território e desejam saquear tudo o que tenham encontrado em sua incursão à Pirâmide Prateada.

Sobre as últimas sessões

Em nossas últimas sessões, o grupo fez o impensável: atravessou o cosmos e chegou até a Lua, em busca de uma entidade aprisionada capaz de realizar seus mais profundos desejos. Os aventureiros caminharam por uma terrível desolação desértica, encararam criaturas primitivas e adentraram uma grande edificação — a Pirâmide Prateada, prisão da entidade. Aprofundaram-se na masmorra e enfrentaram seus perigos, descobrindo os cruéis Mestres da Lua, responsáveis por toda a desolação e maldade que pairava sobre o corpo celeste. Após enfrentarem um guardião da pirâmide e libertarem a entidade lunar, tiveram seus desejos atendidos. Concluíram sua missão. Bastava, agora, fugir da Lua e retornar para casa.

Confira o restante de nossas aventuras.

A Galera

Corvus, ladrão de 4º nível, e Djalma, clérigo d'O Grêmio de 2º nível [Diego]

Manel, elfo guerreiro de 4º nível, e Cicinho, meio-gigante de 3º nível [Igor]

Beto, ladrão vigarista pastor de 4º nível, e Scaminosflaw, feiticeiro de 3º nível [José]

Martina, bruxa de 3º nível, e Ximbica, cangaceiro de 4º nível [Thigas]

Fujam dos Mestres da Lua

Enquanto os personagens finalmente emergiam da Pirâmide Prateada, puderam ver, ao longe, o temível zigurate dos Mestres da Lua, carregado nas costas de centenas — quiçá milhares — de nativos kith. Fumaça e fuligem flamulavam com os poderosos ventos do infindável deserto lunar, formando a imagem do implacável Sotark, que encarava o grupo com olhos negros como breu.

Sotark era o Mestre da Lua com quem haviam entrado em contato enquanto exploravam a masmorra. Ele demonstrou hostilidade contra o grupo, pois via neles um perigo ao seu total controle sobre Hécate.

Interrompendo o deslumbre e o assombro da imponente e assustadora visão do zigurate, criaturas reptilianas cruzaram o céu: guerreiros kith montados em pterodáctilos avançaram em ataque, enviados por Sotark para dar cabo dos personagens.

O zigurate estava longe, mas os cavaleiros reptilianos se aproximavam rápido. Os jogadores tinham pouco tempo para decidir o que fazer. Finalmente, perguntei a eles: o que vocês fazem?

Os personagens, localizados no topo da pirâmide (que era plano), ergueram suas armas e se prepararam para a abordagem dos inimigos. O meio-gigante Cicinho e o ladrão amaldiçoado Corvus desceram a edificação — sua missão era alcançar a Dragonave (a nave espacial em formato de dragão que haviam pedido ao gênio lunar), ativá-la e salvar seus amigos, que resistiriam aos inimigos enquanto isso.

O restante do grupo, então, foi abordado pelos guerreiros kith montados em pterodáctilos — achei que esse conceito seria bem marcante, e os jogadores parecem ter gostado também.

Um comandante muito gordo e corpulento iniciou o ataque com um tipo de disparador de energia, mas foi desarmado por um golpe do guerreiro élfico Manel — um arremesso de lança extremamente preciso. Igor construiu seu personagem com o conceito de um elfo ancião extremamente versado em briga, com um grande arsenal de armas para realizar vários feitos de combate, o que ficou bem legal.

A batalha que se seguiu foi muito intensa. A bruxa Martina tentava conjurar suas magias, o cangaceiro Ximbica encarava um dos pterodáctilos e seus respectivos cavaleiros kith, e o sacerdote estelar Djalma curava os aliados feridos. O combate estava difícil, e os aventureiros corriam grande risco.

Foi aí que Manel brilhou. Enquanto Corvus pilotava a Dragonave, aproximando-se dos companheiros, o elfo ancião reuniu suas forças e realizou um feito extraordinário: saltou pelo ar, utilizando os pterodáctilos como plataforma, tomou o controle de um deles e investiu contra o comandante. Uma cena extremamente épica, com boas sacadas e uma boa dose de sorte. O comandante foi derrotado, e o restante de seus soldados fugiu em terror do implacável combatente Manel.

A companhia inteira embarcou em sua nova espaçonave e alçou voo. Ainda tinham uma missão antes de partir: buscar seu aliado e grande amigo Dollynho, o alien camarada, cuja nave estava quebrada em algum lugar do deserto lunar.

Batalha no Céu

Mais patrulhas kith aladas surgiram e passaram a perseguir os personagens, disparando contra a espaçonave durante uma perseguição frenética pelos céus de Hécate, cujas tempestades de areia e rajadas solares eram terríveis obstáculos.

Ximbica e o vigarista Beto assumiram o controle da artilharia da nave, atirando raios laser e derrubando alguns deles. Meia dúzia de soldados conseguiu saltar no "capô" do veículo celeste e começou a destruí-lo, tentando causar danos e impedir a viagem do grupo. Manel, mais uma vez, avançou para o combate. Com a ajuda de Djalma, utilizou uma escotilha para alcançar o capô, atacando vários inimigos com uma exótica arma: uma foice com corrente. Corvus realizou uma manobra com a nave, disparando numa grande subida e derrubando os soldados restantes. O elfo, com seu equipamento, conseguiu se segurar e escapar do mesmo destino.

Contudo, ainda havia um inimigo — mais poderoso, grande e imponente: um campeão kith com uma horrenda cicatriz no rosto. Ele se agarrou ao visor da nave, ameaçando quebrar o vidro e causar grande caos na sala de comando onde estavam os personagens. Manel não pensou duas vezes: lançou-se contra o inimigo. Os dois, então, estavam em queda livre, muito distantes do chão!

Ambos trocaram socos numa batalha no ar — a mesa inteira intensamente focada na cena —, uma trocação perigosíssima em que Igor apostou tudo o que tinha para salvar seus companheiros.

Corvus realizou uma manobra perfeita: girou no ar de maneira quase impossível, tentando pegar seu companheiro de volta e salvá-lo da morte certa. Manel aproveitou o feito, os dois combatentes se distanciaram no céu, e Manel conseguiu cair em segurança no capô da nave. O campeão, entretanto, não teve a mesma sorte: caiu para a morte certa.

Voltando ao interior da nave, o ancião foi recebido por seus companheiros, espantados e orgulhosos de sua épica façanha. "Estou muito velho para essas coisas", disse o aventureiro, enquanto aliviava as costas cansadas.

Resgatem Dollynho

Enquanto o grupo se aproximava do ponto de queda da espaçonave de seu amigo Dollynho, puderam observar fumaça cinzenta emergindo no horizonte. Quando o ponto de queda foi alcançado, notaram a origem da estranha visão: a lataria do veículo estava parcialmente desmontada, um grupo kith realizando a hercúlea tarefa enquanto era vigiado por um terrível robô-capataz.

Uma patrulha de soldados biônicos avistou os aventureiros ao longe, soando um alarme através de um chifre de besta, como um berrante. O robô-capataz se dirigiu ao centro do acampamento, acompanhado de uma corpulenta capitã kith, ambos ordenando seus subordinados através de violência. O grupo se preparou para uma possível abordagem. Mas, antes que pudessem agir, perceberam seu aliado Dollynho preso numa maca metálica com um capacete que aparentava disparar descargas elétricas.

Dollynho havia sido capturado e estava sendo cruelmente torturado. O grupo não poderia deixar as coisas assim.

Em seus avanços militares, outro dos Mestres da Lua, o robô Dr. Hanchu Krutt, encontrou a nave avariada de Dollynho, o capturou e utilizava o veículo como uma nova base. O doutor era um cérebro num jarro, conservado por tecnologia desconhecida e acoplado a um corpo metálico poderoso, cheio de aparatos mortais.

Dr. Hanchu Krutt já havia se encontrado com o grupo anteriormente, numa expedição à floresta fúngica, quando foi derrotado por Cicinho e teve de fugir de seu terrível destino. Enfurecido, agora os reencontrava, buscando fazer de tudo para esmagá-los com suas próprias garras metálicas.

Sua base contava com uma tropa de campeões kith e uma capitã lorde de guerra, além de subordinados escravizados que realizavam as tarefas. Esses subordinados recebiam castigos constantes de seu mestre e o temiam mais do que à própria morte. Contudo, havia uma fagulha de revolta nos corações dos kith, pois um dos desejos do grupo foi ajudar o pobre povo através do nascimento da coragem em seus corações.

O grupo decidiu ajudar seu amigo extraterrestre e derrotar o líder robô, salvando os kith escravizados e incitando-os a se revoltarem contra os cruéis Mestres da Lua.

Seu plano foi usar uma das magias do mago Scaminosflaw — queda suave —, saltar da nave e fazer um pouso heroico no centro do acampamento (os jogadores estavam bem inspirados em cenas de ação épica). Assim o fizeram, mas tiveram de suportar alguns disparos de energia enquanto alcançavam o chão.

Assim, Manel, Cicinho e, surpreendentemente, Beto pousaram diante dos inimigos. O doutor robótico e o meio-gigante se encararam, frente a frente. Chicotes energéticos, pinças poderosas e até mesmo uma motosserra avançaram contra Cicinho, que se defendia como podia. O ancião elfo fez um discurso motivador para os soldados kith — mesmo utilizando apenas gestos e palavras simples, pois não fala o mesmo idioma que eles. Beto se esgueirava, criando uma armadilha de corda para lidar com a capitã.

Ao verem o grupo enfrentar o Mestre da Lua, os kith subordinados — cuja fagulha de revolta havia sido acesa — voltaram-se contra sua capitã, que, mesmo gritando ordens e resistindo bravamente aos ataques (ela era, afinal, bastante poderosa), mal conseguia conter a traição. Em meio ao caos, a armadilha de Beto foi finalmente ativada: ele havia amarrado uma corda a um dos braços do robô, ligando a outra ponta a um gancho preso à cabeça da capitã. Quando o robô, alheio à emboscada, puxou o braço com força, acabou arrancando, sem querer, a cabeça da campeã kith.

O meio-gigante, que se defendia dos ataques do inimigo, finalmente conseguiu revidar, golpeando muito forte com sua clava pesada e derrubando de vez o guerreiro metálico. Lancei um daqueles clássicos discursos de vilão e ele finalmente morreu.

Agora que o perigo havia passado, os aventureiros voltaram suas atenções ao grupo dos kith, a raça alienígena que habitava o corpo celeste. Com seus conhecimentos básicos da língua (o grupo tinha boas habilidades com esse tipo de coisa), tentaram convencê-los a se juntar à sua companhia. Uma curiosidade engraçada é que, como os kith eram primitivos, selvagens ou algo do tipo, disse que os jogadores só poderiam se comunicar através de monossílabos, o que gerou um desafio bem legal. Os jogadores até brincaram, falando que isso era mais difícil que o próprio combate.

De todo modo, os kith agradeceram a proposta, mas recusaram. Agora, com a brasa da revolta dentro de seus corações, se rebelariam contra os Mestres da Lua — Sotark e seu zigurate maldito seriam destruídos!

Os jogadores concordaram que já tinham feito sua parte e deixariam a grande tarefa para os habitantes de Hécate. Estavam ansiosos para voltar a seu planeta natal. Iniciaram os motores de sua Dragonave e deram um último adeus à lua púrpura.

Conclusão

O encontro inicial, com o grupo no topo de uma pirâmide cercado de inimigos montados em pterodáctilos foi uma das coisas mais legais que me orgulho de ter preparado. A simples imagem mental evoca aventuras no estilo das artes feitas por Sanjulian e Frank Frazetta. A batalha no céu, onde Manel teve uma trocação em queda livre com um líder kith, foi a cena de ação mais insana que já tive em mesa. O jogador mandou muito bem.

A saga da Lua foi um arco imenso de nossa campanha e acabou sendo muito gratificante concluí-la de maneira tão fantástica. Tivemos muitos momentos épicos, tensos ou mesmo apenas engraçados e divertidos. Fico feliz com o andamento do DCC da Galera, e espero que os jogadores estejam curtindo tanto quanto eu.

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