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- Diário de Campanha DCC RPG Cap. 18 - A Cidade Perdida dos Imortais pt. 1
Saudações, aventureiros de DCC RPG! No capítulo de hoje de nosso diário de campanha relatarei uma sessão diferente, na qual planejamos jogar uma aventura de nível zero com novos aventureiros e os personagens de primeiro nível da Trupe, a fim de explorarmos novamente as aventuras-funil e darmos uma chance dos personagens de nível baixo uparem um pouco.
Um dos jogadores, Igor, acabou tendo de faltar, o que foi uma pena, pois seu personagem, Cabiludim, teria sido de grande ajuda na aventura. Ainda assim, lá fomos nós jogar mais uma sessão da infame Trupe do Pacto.
Antes de irmos pro relato, queria, mais uma vez, mostrar pra vocês o trabalho incrível do artista Castilho, que ilustrou uma das cenas memoráveis da nossa campanha. A arte mostra Maria Márcia, Angel, Ravena e Lucca durante sua exploração à Torre da Pérola Negra, cercadas de homens-peixes prontos pro ataque. A cena ficou fantástica, o cara é realmente muito bom, recomendo demais o trabalho dele!
Sobre as últimas sessões
Anteriormente acompanhamos a Trupe do Pacto, um grupo de aventureiros mercenários de índole duvidosa, em sua busca por glória e ouro. Depois de viajar por todo o reino em busca de sua companheira renascida, os aventureiros tiveram de consagrá-la ao último templo do deus-titã Chronos, a fim de que o clérigo Pedro mantivesse seus poderes divinos. Explorar o templo, contudo, não foi nada fácil, pois uma maldição profana o assolava, exigindo que a Trupe enfrentasse o mal que repousava sob os subterrâneos do lugar.
Confira as aventuras anteriores.
O casco da tartaruga mítica
A sessão se iniciou com um grupo de aspirantes a aventureiros a bordo do Garra de Cthulhu, navio que a Trupe havia conseguido em suas aventuras marítimas, acompanhados de alguns membros da Trupe com alguma experiência, que atuariam como guias e reforço. Segundo o que bem lembravam, o objetivo de sua incursão marítima era explorar a lendária cidade perdida de Circádia, onde, segundo contavam as lendas, vivia uma sociedade de imortais, cujos segredos repousavam guardados dentro das paredes de suas amplas bibliotecas. Circádia se localizava nas costas de uma tartaruga gigante de mesmo nome, que os contos diziam estar permanentemente enroscada por uma serpente marinha tão grande quanto ela.
De perto, a tartaruga gigante era imensa, e a cidade, localizada num buraco no topo de seu casco, aguardava distante. Lucca, a ladra oficial da Trupe, aguardaria no navio enquanto Dandara, Zé e Josemar escalariam com um grupo de mercenários iniciantes. Estavam bem armados e tinham equipamento de escalada cedido por Anector, o chefe da guilda de Punjar e agente especial da Trupe do Pacto. Dessa forma, começaram a escalada, que, apesar de longa, não era tão perigosa quanto parecia, uma vez que os padrões geométricos do casco facilitavam o processo.
A tartaruga gigante emergia apenas uma vez a cada milênio, passando algumas semanas ou meses sob a água para então sumir na imensidão azul novamente, a cidade protegida por energias mágicas que a preservavam seca e intacta. Desta vez, Circádia parecia ter emergido há alguns meses, uma vez que seu casco estava tomado por vegetação e, numa das árvores-arbusto que cresciam, podia ser vista uma colmeia de abelhas grandes como cachorros. Incomodados pela invasão dos aventureiros a seu território, sete zangões voaram, seus ferrões pronto para o ataque!
Dandara estava morrendo de medo de ser atacada, a personagem tinha míseros dois pontos de vida e, com certeza, morreria para qualquer ataque bem-sucedido, logo sacou seu cetro concedido por sua patronesse e convocou seu poderes de voo, levando consigo Inan, um elfo caçador que viajava com eles. Os aventureiros começaram a escalar por suas vidas, esquivando de ataques que matavam com um só acerto! Inan e Dandara começaram a ajudar disparando magias e flechas, respectivamente, e notaram que as abelhas não entravam no buraco que levava à cidade. Três companheiros caíram antes o restante conseguisse entrar são e salvo na cavidade do casco.
De cima, o grupo pode admirar a cidade perdida, protegida pela “redoma” feita do casco da tartaruga. Com quilômetros de diâmetro, a cidade imortal de fato parecia ter parado no tempo, uma relíquia de tempos ancestrais. No entanto, o que mais chamava atenção do grupo eram uma torre que conectava o chão ao teto do interior do casco e uma gigantesca fissura que dividia boa parte do centro da cidade.
Explorando a cidade perdida
Ataram uma corda e desceram da elevação por onde entraram em Circádia, dando de cara com as estruturas da cidade perdida. Uma das jogadoras é arquiteta, logo pedi a ela que narrasse pra gente como seria a estrutura das construções: ela me disse que poderia ser similar às construções de uma cidade sul-americana (tipo Machu Picchu, se não me engano), cujos materiais eram bastante resistentes e numa coloração similar a barro. Disse também que as construções eram todas bem grandes e imponentes e que as moradias eram todas muito parecidas – o que dava muito mais destaque às construções especiais, como torres, templos e etc.
Os aventureiros começaram a se esgueirar pelas ruas quase labirínticas da cidade, seguindo o ladrão Zé Pedro (personagem que havia conseguido primeiro ao completar a aventura anterior) e se escondendo pelos becos. Notaram silhuetas humanas à frente, que murmuravam coisas sem sentido e tinham um tipo de tubo ou cordão orgânico que brotava de suas cabeças e as ligava ao chão. O anão Josemar puxou um arco e começou a disparar contra as figuras, mirando nos cordões de seus crânios, mas, ao fazer isso, notou que elas morriam imediatamente. Se aproximaram para analisar, os cordões eram como cordões umbilicais, mas conectados ao crânio e faziam a pessoa agir como se estivesse vendo coisas que não estavam lá.
Decidiram seguir rumo à torre estranha que tinham visto mais cedo, Josemar observou de relance pelos portões abertos, mas viu somente duas estátuas e uma escadaria espiralada. As estátuas representavam estudiosos, mas o grupo ficou temeroso, crendo que poderiam ser golens (quem sabe fossem mesmo) e decidiu explorar outras localidades. A cidade estava muito vazia, mas vez ou outra podiam ver pessoas alucinando com aqueles bizarros cordões presos em seus crânios, sonhando com momentos felizes e fartura. Em dado momento, passaram pelo que parecia ser um coliseu com inúmeras estátuas que o rodeavam, de onde gritos de guerra masculinos podiam ser ouvidos. Meu grupo estava especialmente medroso na sessão em questão, e decidiram evitar qualquer possibilidade de perigo (bando de covarde), deixando de lado o coliseu e buscando focar em construções que parecessem conter os livros dos segredos ocultos.
Contornaram a fissura do centro da cidade, buscando permanecer o maior longe possível dela, evitando maldições ou qualquer coisa do tipo (eu falei que eles estavam medrosos), mas não conseguiram deixar de sentir que alguma coisa se esgueirava, como se estivesse os perseguindo.
Perceberam que a região a noroeste era tomada por vegetação densa, cheia de cipós e espinhos, mas que mais para o centro-oeste existiam dois prédios que aparentavam ser templos. Um deles deveria ser a biblioteca que guardava o segredo da vida eterna, aquilo que haviam vindo procurar. Ao entrarem num deles, notaram várias estantes repletas de livros e escrituras. Os dois andares da estrutura eram conectados por escadarias em suas laterais, que eram ricamente trabalhadas com a arquitetura característica de Circádia. Armados com suas tochas e lanternas, os aventureiros começaram a explorar, tentando compreender o idioma circadiano e localizar onde poderiam encontrar o segredo da vida eterna. Buscaram ao máximo permanecer juntos, de modo a evitar possíveis ataques (malditos jogadores espertos tomando precauções contra meus planos!).
Apesar de estarem bem focados em seu objetivo de encontrar o segredo da vida eterna de Circádia, aproveitaram a ocasião para encontrar livros raros que pudessem ter algum bom valor ou ensinassem coisas interessantes, tais como magias e rituais ocultos. Zé Pedro, o ladrão, foi o mais bem-sucedido em encontrar informações sobre a cidade lendária, descobrindo sobre sua geografia e construções, e, com sorte, encontrando uma um livro de bolso que contava os segredos da vida eterna dos circadianos. Folheou um pouco, mas sabia que não conseguiria traduzir o livro sem ter um bom tempo disponível. Chamou Josemar para descer e sair da biblioteca o quanto antes, enquanto os outros guardavam em suas bolsas os livros que haviam encontrado. Foi nesse exato momento que a coisa apareceu. Dandara e os outros apenas ouviram o som de algo batendo forte contra a parede e um grito desvanecente do anão Josemar. Não sabiam o que poderia saber, mas, com certeza, era perigoso, uma vez que tinha ferido o combate mais forte do grupo.
Enquanto isso, lá embaixo, no primeiro andar, Zé Pedro se esgueirava e prendia a respiração, de modo a evitar chamar a atenção da criatura que, há poucos segundos, havia se colocado em sua frente e derrubado Josemar com um simples movimento de sua cauda. O anão combatente gritou enquanto se chocava contra a parede, quando caiu desacordado. A criatura serpentina rastejou por entre as estantes, procurando o outro aventureiro que havia escapado de sua vista, mas decidiu que era melhor seguir em busca dos outros, que havia visto no segundo andar. Foi nesse momento que Zé Pedro aproveitou e escapuliu pela entrada principal.
Os outros acima ataram um nó no corrimão de uma das escadas e jogaram uma corda pela janela, buscando fugir sem passar pela entrada e evitando aquilo que havia provocado o grito horrendo do anão. Ainda puderam ver o corpo serpentino da criatura sibilando pelos degraus enquanto sua face humana encarava todo o grupo. Tremendo de medo, saltaram pela janela e começaram a correr por suas vidas.
Tentaram lembrar das ruas que atravessaram anteriormente para voltar em segurança, mas era difícil pensar enquanto corriam freneticamente daquela criatura serpente com rosto de mulher. Em dado momento, um dos personagens olhou pra trás e acabou encarando diretamente a monstruosidade que, com seus olhos espiralados, parece ter enfeitiçado o aventureiro, que passou a perseguir também o grupo! O encanto foi forte e fez algo como uma lavagem cerebral no personagem, que com as mãos nuas tentava esganar seus companheiros, mas não foi veloz o suficiente para tal façanha. O ladrão Zé Pedro tentou manter seus companheiros à vista, mas, uma vez que avançava devagar escondido pelos becos, não conseguiu acompanhar o passo. A mulher-serpente decidiu se embrenhar pelas sombras de Circádia e buscar pelo ladrãozinho que faltava, mas não teve sucesso em sua busca.
Dandara e os outros, perseguidos por seu companheiro enfeitiçado, conseguiram correr o suficiente para escapar, escalando a entrada e fugindo pelo casco da tartaruga mítica. Zé Pedro ainda passou por um aperreio, tendo de distrair a cobra e o colega enfeitiçado para que pudesse fugir de vez, mas finalmente conseguiu graças a boas rolagens (os jogadores foram bem sortudos em toda a cena de perseguição). Exaustos, os aventureiros desceram o casco com alguma dificuldade, mas sem maiores problemas. Já dentro do navio, o Garra de Cthulhu, navegaram de volta para a costa, de onde voltariam para Punjar e reportariam tudo o que haviam conseguido, incluindo o livro com o segredo da vida eterna.
Segundo o que Zé Pedro havia lido, a conexão com a tartaruga colossal concedia aos habitantes um estado de não envelhecimento, o que os permitia viver por milênios, ainda que presos em sonhos vívidos, tais como os circadianos que haviam encontrados no caminho quando entraram na cidade. De todo modo, reportou as informações à Trupe do Pacto, que decidiu tratar pessoalmente da questão. Agora era hora da verdadeira Trupe entrar em ação.
Conclusão
As experiências jogando aventuras de nível zero são sempre divertidas, tanto pelos desafios que se tornam muito mais desafiadores quanto pelo alto grau de mortalidade. Jogar com personagens de nível zero já estando acostumado com personagem de nível alto é bem chocante, a diferença de poder é muito alta e mortalidade causa muito espanto. Só na primeira cena três dos personagens morreram!
Vai ser legal agora fazer uma comparação bem mais direta de como os personagens de nível alto vão lidar com os desafios que fizeram o grupo de nível baixo fugir de medo! Mas é claro que agora, com a criatura serpente alerta sobre a possibilidade de invasão, os desafios vão crescer, pois Circádia estará preparada! Mas e vocês, o que acharam dessa nova aventura? Comentem aí!