Posted by : luh reynaud sábado, 31 de julho de 2021

Arte de Janet Aulisio.


Saudações, conquistadores! Em nossa última sessão, a Trupe enfrentou os perigos malditos da Ferida Estelar de Abaddon, onde criaturas de outro mundo rastejavam profanamente por entre os ermos. Ao final de sua aventura, os personagens libertaram Abaddon da escuridão que a encobria, desbloqueando todo um território novo a se explorar e conquistar, na qual o bando decidiu sediar seu próprio domínio, talvez uma fortaleza, cidade ou mesmo um reino para si! Conquistar a região, entretanto, não seria tarefa fácil, certamente exigindo muito mais exploração e aventuras.


Sobre as últimas sessões


Anteriormente acompanhamos a Trupe do Pacto, um grupo de aventureiros mercenários de índole duvidosa, em sua busca por glória e ouro. Após serem contatados por seus patronos e divindades acerca da ameaça das terras malditas de Abaddon, os aventureiros exploram a região da Ferida Estelar, enfrentando os perigos de uma dimensão obscura dominada pelo poderosíssimo Devorador de Almas: uma entidade vinda das estrelas com fome por desespero e blasfêmia.


Confira as aventuras anteriores.


Os membros da Trupe


Ravena, sacerdotisa de Sezrekan, 6o nível; e Zelia, feiticeira vudu, 2o nível [Gaby].


Maria Márcia, anã guerreira, 6o nível; e Dandara, ninfa feiticeira estelar, 3o nível [Concita].


Pedro Joaquim, clérigo do deus-titã, 6o nível; e Gabiru (Zé Pedro), o aprendiz de ladrão, 2o nível [Thigas].


Cabiludim (Lunga), guerreiro primitivo, 2o nível; e Cubensius, elfo herbalista, 1o nível [Igor].


Lucca, ladra maliciosa, 4o nível. [Nathan].


Arte por Tony Ackland.


Planejamento


Nossa sessão se iniciou na espelunca a qual foi reduzida a taverna e sede da guilda Espada-de-São-Jorge, espremida entre dois casarões antigos num dos bairros pobres da cidade-estado de Punjar. A taverna, cujo dono era o grisalho mas bem conservado Anector, era a sede de operações da já famosa Trupe do Pacto, um grupo de aventureiros mal falados por seus hábitos de conduta, digamos, duvidosa.


O grupo havia acabado de retornar de uma perigosa incursão à região da Ferida Estelar de Abbadon – um lugar maldito dominado por uma entidade extraterrena – e a libertado do mal que lá habitava. Seus planos eram, agora, conquistar a região, planejando reclamar para si as novas terras sem senhores. Mas, pra isso, seria necessário um grande esforço e um bom investimento… Os aventureiros começaram, então, a discutir sobre seus planos, incluindo o mestre de guilda Anector, que seria um grande investidor, buscando para si um terreno seguro e livre de impostos nas terras desconhecidas, uma vez que os negócios em Punjar só iam de mal a pior.


A discussão tomou um bom tempo, mas, ao fim, os aventureiros mais abastados entraram com um investimento de alguns milhares de moedas de ouro para bancar a nova incursão e os gastos que teriam com a construção de uma grande fortaleza no lugar, que seria o marco da grande cidade que planejavam construir. Mas é claro que tudo isso foi ao custo de muito bate-boca e avareza da ladra Lucca, a mais rica e ao mesmo tempo mais mão-de-vaca de toda a Trupe. Enquanto isso, combinaram que Cabiludim iria chamar sua tribo de antehumanos para fazer uma nova aldeia nos arredores da região e Maria Márcia chamaria seus primos e irmãos de sua família de anões construtores para ajudar na fortaleza que planejavam construir.


Anector gostou dos parâmetros propostos e concordou em ceder uma boa quantia de moedas de ouro também, bancando, ainda, alguns equipamentos que eles poderiam precisar em seus desbravamentos das novas terras. Com isso, todos juntos compraram mantimentos, juntaram suas coisas e partiram mais uma vez em direção à região de Abbadon.


Sua travessia tomou pouco mais de duas semanas, contudo foi tranquila, sem quaisquer perigos ou obstáculos no caminho. Mas é claro que as coisas não seriam tão fáceis quando entrassem em Abaddon.


Arte por Tapwing.


A criatura nas colinas


A Ferida Estelar em quase nada se parecia com a imagem anterior de desolação e morte causada pelo Devorador de Almas, com seus campos áridos e desertos de cinzas. A paisagem agora se mostrava com colinas verdejantes e bastante vegetação, montanhas altas no horizonte, cercando a região como muralhas. Rios e lagos completavam a visão agradável e propícia pra fundação de um novo domínio.


Perguntei aos jogadores em qual direção a Trupe marcharia e qual seria seu plano de conquista das terras a serem desbravadas, o que os obrigou a parar um pouco pra discutir e pensar, de onde decidiram que seu primeiro feito seria construir uma fortaleza num local alto e imponente. Logo, explorar as colinas seria um bom começo.


Enquanto conversavam no sopé das colinas, puderam notar um movimento estranho dentre a vegetação, seguido por grunhidos do que só poderiam ter vindo de um animal selvagem. Mas logo Pedro, que foi o único a ter coragem de investigar a presença da criatura, descobriu que aquele certamente não era um bicho selvagem, mas sim um tipo de monstro humanoide quadrúpede, que rugia e exibia suas presas raivosas como um felino. O monstro, que era musculoso e aparentava não ter pele cobrindo seu corpo cinzento, saltou rumo ao druida, golpeando-o com suas garras pontiagudas e sua cauda de escorpião, causando ferimentos perigosos carregados de veneno. Apesar de tudo, Pedro já era um aventureiro muito experiente e conseguiu se manter de pé diante da besta.


O monstro sabia que estava em menor número, logo preferiu recuar a permanecer num ataque frontal, mas é claro que a Trupe não iria deixar barato. Ravena argumentou que aquilo poderia causar mais problemas depois e liderou os mercenários a se embrenharem na floresta da colina em busca do bichão.


Pedro guiava dentre a mata quando Zelia apontou um cadáver com um dos flancos partido, que logo Ravena tratou de verificar que como um cadáver fresco, certamente um rastro do ataque do monstro bizarro que buscavam. Mas quem era aquele homem e o que ele fazia no meio da região inexplorada? Bem, como mortos não falam, não haveria como saber… Não é?


Talvez aquilo não fosse verdade para Ravena, que conjurou os poderes de sua entidade Sezrekan para reanimar o corpo morto. Sua conjuração, entretanto, não foi o suficiente para conversar com o falecido, mas ao menos ela havia conseguido um servo morto-vivo totalmente leal, que logo ordenou que buscasse por vingança, ajudando-os a caçar o monstro assassino. O zumbi se levantou com agilidade e começou a saltar entre as árvores com suas duas adagas afiadas em busca de seu carrasco.


Cubensius, o elfo que havia ajudado a Trupe durante a aventura da Ferida Estelar, aproveitou o momento pra entoar cânticos de convocação de seu patrono élfico solicitando suporte na empreitada que se metia. Desde a última aventura, Cubensius havia estudado sua ancestralidade e despertado poderes arcanos amparados por uma grande entidade feérica, da qual tentou conjurar uma visão do futuro, mas que aparentemente não deu resultado. Enquanto isso, Lucca catou uma das adagas que havia ficado pra trás, uma peça com cabo entalhado com motivos de corvos, aquilo poderia ser uma adição interessante pra coleção da gananciosa ladra.


Quando seguiram seu caminho, ainda no rastro da criatura, foram surpreendidos com um laço que se fechou nas pernas do druida e o puxou para cima subitamente, prendendo-o completamente e ativando um tipo de sineta barulhenta – o que mostrou para os aventureiros que havia mais pessoas por ali e que o cadáver que haviam encontrado há pouco provavelmente fazia parte de um grupo… A ladra Lucca auxiliou seu companheiro a sair da armadilha para em seguida procurar por mais arapucas que pudessem ferir o grupo. Averiguou que tudo parecia seguro, mas, no primeiro passo que deu, uma daquelas armadilhas de urso se fechou sobre sua perna, causando um ferimento profundo que lhe arrancou um grito de dor.


Nesse momento, a cena inteira retrocedeu rapidamente, como se o tempo caminhasse ao contrário sob os olhos de Cubensius, que retornou ao ponto no qual havia conjurado sua premonição. O personagem havia sido mal-sucedido na primeira tentativa, mas conseguiu um sucesso na conjuração quando tentou mais uma vez, logo após o incidente de Lucca. Achei que seria legal fazer aquele velho clichê de “era tudo uma visão!” e os jogadores gostaram da ideia (impediu que os personagens caíssem nas armadilhas, então é claro que eles gostaram!).


Arte por Jamie Lombardo.


Acampamento dos saqueadores


Após uma subida razoavelmente cansativa por entre as colinas, os aventureiros da Trupe do Pacto deram de cara com um barranco íngreme cujo topo era protegido pelas ruínas de uma grande fortaleza de outrora. Como os aventureiros não fizeram questão de serem silenciosos em sua caçada, narrei que o líder do grupo que habitava o lugar surgiu, acompanhado de seu bando de mercenários armados.


O homem barbudo se apresentou como Ulther Pena-Negra, o líder de um conhecido bando de saqueadores de nome Corvos Gélidos, que explorava a região com o objetivo de sediar um acampamento avançado de suas atividades ilegais. A Trupe argumentava que tinham sido eles a livrarem a região do mal que lá habitava, logo era deles o direito de tomar o domínio para si, porém os bandidos eram irredutíveis, informando não se importar com o que era “justo” ou não. Eram bandidos, ora, não seria a primeira vez a se aproveitarem de aventureiros idiotas para fazer dinheiro fácil.


Pedro, Ravena e Anector não gostaram nada da história, e, uma vez que Ulther se mostrava irredutível em expulsar os aventureiros dos arredores de seu acampamento, decidiram atacar o inimigo com tudo que tinham. A vantagem de terreno e numérica, contudo, estavam claramente a favor dos Corvos, que se posicionaram com uma dúzia de homens armados com azagaias e duas pesadas balestras de guerra. Enquanto isso, a subchefe dos ladrões se esgueirava por entre as árvores mirando no pescoço de Gabiru, que tentava se esconder dos múltiplos ataques.


Zelia e Dandara, as feiticeiras da Trupe, uniram seus poderes de modo a conjurar rajadas prismáticas para atrapalhar a visão dos inimigos, o rendeu uma boa cobertura durante algum tempo, protegendo os aliados da saraivada de azagaias. A proteção, entretanto, não durou para sempre e logo Ravena e Anector foram atingidos por um disparo de balestra que explodiu em estilhaços, ferindo o ex-aventureiro e arranhando sua esposa sacerdotisa. Pedro, enquanto isso, se concentrava e entrava em comunhão com a energia ao seu redor, conjurando seus poderes diabólicos de transfiguração em relâmpago, uma magia inerente que o tornava um feixe de raios vivo. Seu poder logo foi posto a prova quando outro espécime do monstro felino que caçavam saltou em sua direção, engalfinhando-se numa briga corpo a corpo.


Lucca ativou seu sabre de energia sombria para se unir às sombras e atacar a subchefe furtivamente, somente para recuar logo em seguida, evitando se expor a perigos (Lucca sempre foi uma das mais cautelosas do grupo). Dandara foi uma das melhores combatentes da peleja, disparando vários espinhos através de sua magia de mísseis mágicos e, inclusive, colocando o líder contra a parede várias vezes. Numa dessas, o raivoso chefe convocou um ritual de transformação para se transmutar num dos monstros que habitavam aquelas colinas, ameaçando a Trupe com suas enormes e assustadoras garras e seu ferrão venenoso. Apesar de intimidador, o bichão não durou muito tempo, logo sendo explodido por um relâmpago potente conjurado por Pedro. O druida ainda tomou uma das balestras e chamou por Cubensius para o ajudar a disparar na direção do outro monstro de estimação dos bandidos, mas atingindo Gabiru no processo, que teve de ser socorrido por Ravena para escapar milagrosamente da morte.


Cubensius também caiu uma vez, mas também foi socorrido rapidamente, o que poupou sua vida de entrar no mundo dos mortos – na verdade, eu mesmo, como mestre, poupei a vida do elfo, já que nas minhas mesas de DCC nenhum elfo nunca sobreviveu mais que duas sessões. Sim, eu dei uma forçadinha, mas tudo bem, os jogadores entenderam e concordaram que foi por um “bem maior”, quebrar a “maldição do elfo”.


A batalha não demorou muito a se encerrar. Apesar de alguns dos bandidos terem tentado fugir, a maioria foi pega pela Trupe, que, sanguinária como sempre, não os deixou escapar ilesos.


Exploraram o forte abandonado, aparentemente as ruínas de uma construção muito antiga onde o bando de ladrões sediava seu grupo, equipamentos e saques. Lucca desarmou algumas armadilhas enquanto Ravena cuidava dos feridos e encarou uma cena na qual estranhou o quão resiliente era Anector. Apesar de receber um tiro direto de balestra, o comerciante apresentava apenas feridas superficiais. Os jogadores de Ravena e Pedro começaram a discutir sobre Anector, comentando que ele poderia ser um perigo futuro, uma vez que os conhecia bem demais e tinha segredos “suspeitos”. O NPC ainda possuía uma grande fortuna, que eles poderiam saquear no momento certo… Mas deixaram pra comentar sobre o plano futuramente, pois ele ainda poderia ser de utilidade para eles na conquista das novas terras de Abaddon.


Interrompendo a conversa secreta dos dois, Lucca chamou atenção da Trupe para uma visão interessante que tivera ao subir uma das torres das ruínas, uma fortaleza aparentemente antiga acima de uma formação rochosa, se projetando abaixo de nuvens escuras. Talvez aquela nova localidade pudesse conter mais recursos para auxiliar na jornada da Trupe do Pacto.


Foto de Urbexjunkie.


Conclusão


A sessão foi consideravelmente mais curta que o normal, mas foi um gancho legal para as aventuras de exploração da região de Abaddon. Mais uma vez as aventuras da Trupe vem sendo realizadas de forma bastante espaçada, devido à situação de isolamento e tudo mais, mas, ainda assim, sempre estamos dispostos a continuar nossa amada campanha dos aventureiros mais mau caráter do mundo. Mas, pra continuar jogando meu RPGzinho sempre, montei uma nova campanha via discord, de DCC mesmo, onde os personagens estão explorando uma ilha perigosa após um naufrágio.


Ah, e, olha, sugerir trair o aliado que sempre os ajudou é bastante maldade, viu? Mas eu não esperava menos da Trupe do Pacto! 

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  1. Ahhh, o cara não sabia se morria ou ficava vivo kkkkk foi uma ótima sessão, não vejo a hora de jogar de novo!

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