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Arte por Michael Whelan. |
Há incontáveis
eras, reinava o senhor selvagem Ulfheonar, o predador soberano, cujos tesouros
ancestrais mais de uma vez despertaram a cobiça de vários saqueadores de
túmulos. Estes, entretanto, jamais retornaram de suas incursões. Sob a luz da
aurora de novos dias, aventureiros levantam-se em busca das relíquias mágicas
esquecidas, dispostos a sacrificar suas vidas em busca de glória.
Sobre as últimas sessões
Recém-chegados
nas proximidades do vilarejo de Hirot, os aventureiros se veem em meio a uma
terrível maldição, na qual um cão-demônio castiga as pobres almas que lá
habitam. Decidiram, então, enfrentar a fera, mas descobriram que a maldita
besta retorna intacta na noite seguinte... Com sangue de demônio em suas mãos,
o grupo se envolve em pactos profanos para adquirir poder, o que lhes rendeu o
título de Trupe do Pacto.
Confira o
restante de nossas aventuras.
Os membros da Trupe
Gibrin,
anão guerreiro, 1º nível; Goblin, anão protetor, 1º nível [Arthur].
Jorge, guerreiro,
1º nível; Manuel, clérigo deus-sapo [Thigas].
Maria
Márcia, anã guerreira [Concita].
Annie, criança guerreira, 1º nível; Brook, mago, 1º nível; Joseph, guerreiro, 1º nível [Apocalipse].
Ravena, sacerdotisa de Sezrekan, 1º nível; Angel, feiticeira infernal, 1º nível; Valentina, anã, 1º nível [Gaby].
A Tumba dos Reis Selvagens
Advertidos
acerca dos tesouros e perigos que poderiam habitar na tumba ancestral, os
personagens, após um merecido descanso, puderam refletir sobre suas
experiências e adquirir novas capacidades. Dois dos aldeões, sentindo-se
amedrontados pela situação, decidiram retornar à sua vida pacata em Hirot. Os restantes,
entretanto, fortaleceram sua mente e corpo, enquanto outros foram contatados em
sonhos por entidades poderosas. Armados com sua astúcia, sorte e alguns novos
truques, a Trupe do Pacto estava pronta para confrontar aquela masmorra e
saquear o que quer lá houvesse.
Pessoalmente,
senti falta de um ladino no grupo e pode ser que mais para frente os jogadores
passem por apuros, mas vamos ver no que dá.
Com suas
tochas e lamparinas em mãos, o grupo desceu através da gruta subterrânea, onde
foram recebidos por paredes rústicas esculpidas na própria rocha, nas quais
pinturas rupestres mostravam animais selvagens sendo caçados por grandiosos
guerreiros bárbaros.
Logo à
frente se depararam com o salão no qual seu companheiro cavalariço encontrou
seu fim, caindo num fosso profundo de onde não mais retornou. Pedi testes
simples para que os aventureiros não escorregassem pelo chão íngreme e
encontrassem o mesmo destino, mas os malditos sortudos tiveram sucesso na
tarefa. A serpente de água que havia os perseguido parecia não ser mais um
perigo, mas eles não sabiam que outro tipo de criatura os observava em segredo.
Adentrando
um novo corredor, a Trupe continuou em sua marcha cuidadosa, sempre averiguando
as passagens que encontravam. Uma escadaria com manchas de sangue fresco se
estendia logo à esquerda, enquanto, pouco mais adiante, à direita, era possível
observar outra seção de degraus que levava a um portão duplo de rocha. À
frente, tudo que conseguiam ver era a escuridão. O clérigo do deus-sapo orou a
sua entidade e recebeu uma visão enigmática, na qual uma passagem estreita os
levava a um brilho prateado. Com essa informação, o clérigo possuía mais ou
menos uma ideia de por onde seguir para encontrar o tesouro.
Com medo
das manchas de sangue, mas resolvendo explorar o lugar, o grupo resolveu dar
uma olhada na porta dupla de pedra, onde pôde ver um imponente entalhe de urso,
uma arte feita com tamanha habilidade que destoava completamente das pinturas
rústicas que o grupo viu anteriormente. Maria Márcia, uma mineradora nata,
sabia que aquele tipo de entalhe na rocha era de valor e habilidade
inestimáveis. Logo, com a força conjunta de três guerreiros, abriram as pesadas
portas.
Uma
câmara circular com paredes negras os aguardava. Repleta de runas
indecifráveis, o cômodo emanava uma estranha sensação… Contudo, em seu centro
um tipo de altar estranho, com um crânio de urso acima, chamava atenção. Alguns
dos aventureiros resolveram investigar, analisar as runas e o altar. Fiz testes
de percepção para eles, mas dessa vez os dados não estavam a seu favor. Alguns
dos personagens não entraram na sala, em vez disso, permaneceram temerosos
ainda na porta.
Lembrando
que um dos personagens ainda possuía uma galinha, alguns dos membros do grupo
decidiram honrar o nome da Trupe e realizar um ritual de sacrifício acima do
altar, talvez invocando alguma coisa e obtendo respostas. Todavia, tudo o que
conseguiram foi atrair a atenção das criaturas terríveis que lá habitavam.
Saindo
por detrás das portas que foram abertas, dois humanoides monstruosos e canibais
se aproximaram furtivamente e atacaram com suas garras. Os monstros, homens
esguios de pele esticada e aparência pálida como a morte, logo causaram um
combate sangrento, no qual vários aventureiros se feriram. Goblin foi de grande
ajuda, protegendo seus companheiros com seu escudo e atacando com seu machado.
Os
personagens que ficaram para trás, próximos da porta, logo tiveram uma surpresa
quando o cheiro de sangue atraiu a atenção de uma das criaturas que estava os
observando desde a sala do fosso. O monstro, outro daqueles mortos-andantes,
atacou Ravena de súbito, pegando-a desprevenida. Angel e Maria Márcia tiveram
de ir lhe prestar socorro, e por sorte chegaram na hora certa.
Entretanto,
as criaturas, após destruídas, liberavam um tipo de serpente de seus ventres,
com presas pingando de veneno necrótico. Mais uma vez, o grupo, unido em
criativas manobras de combate, conseguiu superar o desafio e, com sangue de
monstro nas mãos, finalmente saiu daquela sala.
Voltando
ao corredor e adentrando num dos cômodos à esquerda, a Trupe vislumbrou um
portão duplo semelhante ao anterior, mas decorado com a majestosa figura da
cabeça de um leão. A sala estava parcialmente desmoronada e silenciosa,
evocando um clima macabro. Perguntei pros jogadores o que eles desejavam fazer,
uma vez que o que quer que aquela sala possuísse estaria debaixo dos escombros.
Eles prontamente responderam que escavariam o que pudessem e tentariam
recuperar algum item de valor.
Como o
grupo possui três anões e um deles é uma mineradora, achei razoável que eles
pudessem, mas com algum esforço. Disse que a escavação poderia durar horas, mas
eles estavam determinados. Quando eu já estava pensando em encontros aleatórios
pra pegá-los de surpresa, os jogadores avisaram que fariam uma rígida vigília.
Ok, ponto pra eles, conseguiram aprender alguma coisa com os encontros
anteriores.
Assim, com um trabalho longo e exaustivo, o grupo conseguiu encontrar algumas estátuas de guerreiros cobertos com pele de leão e um baú rodeado de runas. Tiveram ainda o cuidado de abrir o baú de forma a evitar armadilhas (tenho a impressão de que estou os transformando em paranóicos!), mas felizmente não havia nenhum perigo. Acima de tecidos de qualidade esplêndida, os anões encontraram um escudo com a orgulhosa face de um leão. Magistral, o item era uma peça rara de um passado ancestral, o primeiro item mágico do grupo. Os jogadores conversaram e rapidamente chegaram ao consenso de ceder o escudo à Maria Márcia. Melhor armados, continuaram sua exploração pela tumba.
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Arte da aventura Doom of the Savage Kings. |
O Lobo Feroz
Finalmente,
chegando ao final do corredor, encontraram uma cortina de sombras cobrindo o
que parecia ser uma passagem e através dela, um salão enorme, alto e com
ciclópicas colunas de sustentação. As paredes possuíam rachaduras e na parede
oposta à da entrada, era possível ver um gigantesco portão com várias pinturas
rústicas e abstratas que, quando observadas com atenção, pareciam formar,
juntas, a figura de um lobo feroz. No chão, milhares de peles de serpentes
jaziam incólumes e vazias. O grupo quase todo concordou que um deles deveria
entrar primeiro e averiguar os riscos ou armadilhas da sala. “Quase todo o
grupo” porque um deles, aquele fora escolhido involuntariamente, discordou. Em
vão, uma vez que o obrigaram, jogando-o de uma vez no meio da sala e gerando
uma das cenas mais legais da mesa. Foi uma quebra de expectativa hilária quando
narrei que nada, nenhum perigo ou evento aconteceu.
Todos os
personagens resolveram analisar a sala e buscar informações ou novas passagens.
As runas nas paredes contavam a história dos Reis Selvagens, guerreiros
bárbaros ancestrais que usavam o poder de espíritos animais para enfrentar seus
inimigos. Todavia ninguém do grupo se interessou em lê-las.
Maria
Márcia percebeu que o portão estava selado e nada que eles possuíam conseguiria
abri-lo. Goblin, um dos personagens de Arthur, resolveu acender os dois
incensários que haviam ao lado do portão. Pedi um teste de Sorte e ele passou, então
o informei de que ele percebeu que a fumaça fazia um trajeto estranho, rumo à
passagem que os trazia do corredor. Graças a isso, perceberam uma passagem
secreta estreita que se localizava acima da porta que eles haviam acabado de
passar. Organizando-se em fila e ajudando uns aos outros, todos subiram e
começaram a rastejar (levando o conceito de dungeon crawl ao literal).
Levando
tochas e uma lamparina, iluminaram a difícil e incômoda travessia, que se
estendeu por vários minutos. Maria Márcia estava na linha de frente, então pedi
a ela um teste de Sorte. Os dados estavam ao lado do grupo, pois, mesmo com
apenas 5 pontos no atributo, a anã conseguiu ser bem-sucedida. Com isso, ela
percebeu que, coberta por vinhas e plantas daninhas, acima de sua cabeça havia
uma nova passagem, como uma passagem secreta dentro de outra passagem secreta.
Com ajuda
de seus companheiros, subiu pela passagem em 90° e deu de cara com um pequeno
cômodo onde repousava um esqueleto com trajes reais e uma valiosa coroa.
Embasbacada pela nova possibilidade de tesouros, a anã não percebeu a
aproximação de um morto-andante que logo lhe atacou. Este, diferente dos
outros, possuía cabeça de serpente, como se a cobra mutante em seu ventre
tivesse concluído seu desenvolvimento e tomado o corpo do hospedeiro.
Este
combate foi difícil, uma vez que o espaço apertado permitia que apenas um
aventureiro por turno conseguisse adentrar a sala. Maria Márcia teve de segurar
as pontas, defendendo-se com seu mais novo escudo – que lhe serviu muito bem.
Finalmente, com quase cinco membros da Trupe já dentro do lugar, conseguiram
derrubar a criatura.
Ravena
foi a primeira a se aproximar do esqueleto e saquear o que ele possuía,
dividindo com o grupo suas posses. Aquele devia ser o grandioso Rei ali selado,
seus tesouros guardados junto a si. Para Gibrin foi dada a poderosa
Lança-Lupina, capaz de prender e impedir os movimentos de qualquer criatura,
mesmo as que normalmente não seriam. Já a própria Ravena obteve para si o Chifre
dos Reis, uma espécie de caneca rústica enfeitada com runas e joias, cujo poder
seria abençoar a bebida de seu possuidor, curando suas feridas ou até mesmo
trazendo-o de volta dos mortos, mesmo que este último, uma só vez.
Como a
sessão estava acabando, dei uma acelerada na narrativa. Voltando à passagem
estreita, descobriram uma última sala cheia de teias de aranha e uma única
coluna de sustentação, que se encontrava a ponto de ruir. Temerosos por um
desabamento, evitaram o lugar – fizeram bem, uma vez que certamente seriam
pegos num desmoronamento.
Com as
relíquias dos Reis Selvagens em mãos, a Trupe do Pacto certamente poderia
enfrentar seu próprio destino e reescrever a história com sangue e ouro.
Conclusão
Minhas sessões com esse novo grupo tem sido cada vez melhores e esta – um dungeon crawl puro –, foi repleta de boas ideias. Os jogadores em geral mandaram muito bem, tiveram cuidado com armadilhas e evitaram alguns perigos. Os personagens estão começando a se destacar e vejo alguns jogadores criando laços com seus respectivos avatares. Uma das jogadoras, Gaby, inclusive se prontificou a desenhar alguns dos personagens. Algo muito legal, fico feliz dela se engajar dessa forma.
Curti de mais esses report de sessões do DCC, que venha mais! Só não curti muito personagens traíras/canibais. Eu tava torcendo pelo Calango porém foi chutado pelo traíra do Mt. Satan! Sacanagem !!
ResponderExcluirO Calango tava sendo um ótimo personagem, o jogador até fazia sotaque pra ele e tudo mais, bem divertido!
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