Arte por Estúdio Davi Sales.
No
capítulo de hoje nós temos a exploração da floresta da bruxa-lagarto e o
prelúdio da caça à cidade das bruxas. O charmoso Anector, mestre de guilda e
novo aliado, acaba de conseguir uma nova missão para o grupo: explorar a
floresta de Ispazar e resgatar o cristal da bruxa-lagarto, fonte de uma
terrível maldição que assola a capital.
Sobre as Últimas Sessões
Anteriormente
acompanhamos a Trupe do Pacto, um grupo de aventureiros mercenários de índole
duvidosa, em sua jornada em busca de glória e ouro. No último capítulo, os
aventureiros chegaram à grandiosa Cidade-Estado de Punjar, a maior metrópole do
mundo conhecido, fazendo aliados e sendo contratados para uma nova missão.
Confira o restante de nossas aventuras.
Os membros da Trupe
Gibrin,
anão guerreiro, 3º nível; Goblin, anão protetor, 3º nível [Arthur].
Jorge,
guerreiro paranoico, 3º nível [Thigas].
Maria
Márcia, anã guerreira 3º nível [Concita].
Annie,
criança guerreira, 3º nível [Apocalipse].
Ravena,
sacerdotisa de Sezrekan, 3º nível; Angel, feiticeira infernal 3º nível [Gaby].
Lucca, ladra
mercenária, 2º nível [Nathan].
Sob o Olhar da Bruxa-Lagarto
Dentro da
floresta de Ispazar, a Trupe se preparava para realizar mais um de seus famosos
rituais, sacrificando o bandido que haviam capturado pouco antes nas plantações
de Punjar. Ravena, trajada em seus mantos ritualísticos, comandava seus
companheiros para a invocação da feiticeira lagarto que procuravam. A bruxa,
entretanto, surgiu antes mesmo do ritual ser finalizado. Sua figura era medonha:
seu corpo atarracado e coberto de escamas lembrava a figura de um jacaré ou
crocodilo humanoide, vestida com farrapos sujos e um cocar de penas.
Apoiando
sua pesada forma sobre um velho cajado retorcido, a velha feiticeira lançava
sob o grupo um olhar que só poderia ser descrito como não humano, que os deixou
sem ação. O engraçado é que, uma vez que a bruxa apareceu, o grupo não soube
exatamente o que fazer, os jogadores ficaram se entreolhando como se
perguntassem “belza, e agora?”.
Ravena
tomou a iniciativa, perguntando acerca do cristal e onde ele se encontrava. Com
o ar de mistério que toda bruxa possui, a velha respondeu que o item buscado se
encontrava em algum lugar dentro da floresta, mas que não ajudaria ou
atrapalharia a Trupe em sua busca.
Os
aventureiros acharam muito estranho e suspeitaram de um blefe, mas resolveram
não confrontá-la, ao menos não por hora. Jorge tomou a frente logo em seguida e
perguntou acerca do Fruto do Diabo, a fruta amaldiçoada que cederia o poder
diabólico que o atirador tanto buscava, mas, antes que a lagarto pudesse
respondê-lo, Annie, a adolescente guerreira, ficou de saco cheio de toda aquela
conversa e investiu com seu machado! Quando o machado desceu, a imagem da velha
bruxa sumiu no ar como fumaça, deixando Jorge irado com a pequena.
Tentaram
mais uma vez invocar a bruxa, finalizando o ritual e sacrificando o bandido,
mas de nada adiantou – a ação impensada de Annie realmente havia destruído a
possibilidade de obter informações, ao menos naquela parte da floresta. Caso
quisessem entrar em contato novamente, deveriam avançar floresta adentro.
O sol se
punha entre as árvores e todos concordaram que não seria uma decisão muito
inteligente explorar a floresta de uma bruxa à noite. Com isso, se aproximaram
da borda da mata e montaram acampamento por lá.
Pela
manhã, bem cedinho, puderam ouvir um som que vinha das árvores. Despertos,
aproximaram-se com cautela e vislumbraram a imagem de um homem rústico portando
um machado e derrubando algumas árvores. O homem apresentou-se como Pedro
Joaquim, um lenhador que morava por perto e conhecia bem a floresta. O grupo
concordou que seria bom ter um guia enquanto se embrenhavam na mata e ofereceu
ao homem algumas moedas de ouro – o suficiente para despertar sua cobiça. Na
verdade, o lenhador era um novo personagem para o jogador Thigas, que havia me
pedido pouco antes. Preparados e organizados, seguiram pela trilha apontada
pelo mais novo guia.
Pedi
alguns testes para que pudessem se localizar no território da bruxa enquanto ia
contando ao jogador de Pedro Joaquim alguns boatos e lendas que ele conhecia,
passando uma pegada mística e misteriosa sobre o local. Em dado momento, ao
longe, a ladra Lucca pode ouvir o som de tambores e flautas tribais, indicando
que havia alguém por perto.
Ao se
aproximarem da fonte dos sons, notaram uma clareira com aspectos de charco –
várias poças de lodo e lama espalhadas – habitada por criaturas de aspecto
reptiliano semelhante à bruxa, dançando em círculos em volta do que parecia ser
um totem enquanto tocavam instrumentos rústicos. Puderam contar seis ou sete
daqueles homens-lagartos, mas, antes que pudessem montar uma estratégia de
fato, os anões Gibrin e Goblin saltaram para a batalha gritando urros de
guerra. Algumas coisas nunca mudam.
Os
homens-lagartos reagiram, soltaram seus tambores e flautas e partiram para o
ataque exibindo suas garras e presas afiadas. Ravena, Angel e Lucca ficaram de
fora, pois acharam estúpido se arriscar num ataque frontal desnecessário como
aquele. Maria Márcia ficou receosa, mas decidiu ajudar seus companheiros
cedendo proteção com seu escudo mágico. Jorge e Annie deram cobertura com
ataques a distância, com disparos explosivos e magias de fogo, respectivamente.
O lenhador, por sua vez, apenas observou de longe, pois não poderia se envolver
em assuntos de aventureiros.
No meio
do combate, um dos homens-lagartos emitiu um som semelhante a um silvo. Houve
movimentação entre as árvores e o barulho de algo grande se arrastando pelo
chão. Uma cobra gigantesca emergiu da mata a avançou rumo a Trupe, com presas
como espadas e ataques de constrição! Annie falhou em sua jogada de conjuração
para evocar sua magia de fogo de seu anel mágico, causando uma chuva de
labaredas que quase matou o pobre lenhador que apenas assistia à distância.
Ravena interveio curando seus aliados, impedindo que caíssem. Os anões, enfim,
uniram esforços e derrubaram a cobra, encerrando o combate.
Ao
analisarem o totem, os aventureiros encontraram um baú rústico com algumas
gemas preciosas, um bom espólio. Resolveram, também, arrancar as escamas da
cobra, que talvez pudessem vender por um bom valor. Maria Márcia, por acaso,
descobriu um cristal brilhante na boca do monstro, talvez fosse o cristal que
procuravam, mas decidiu mantê-lo em segredo só para si.
O
lenhador guiou o grupo pelo restante da floresta, em busca da tal bruxa-lagarto
que o grupo tanto falava. Após encarar criaturas sobrenaturais como as que a
Trupe acabara de enfrentar, Pedro não duvidava mais da veracidade das lendas
que seus bisavós contavam e, após transpassar pelo que pareceu uma cortina
invisível mística, deu de frente com uma árvore de proporções titânicas que só
poderia ser a representação de um deus. Embasbacado, não se deu conta de que a
velha bruxa se mostrava logo à frente, caminhando pelo pântano que se escondia
atrás da cortina mística.
Jorge
tomou a dianteira e questionou acerca do Fruto do Diabo e a cidade das bruxas.
A anciã disse que poderia dar ao atirador a capacidade de encontrar o que
desejava, mas que ele teria de oferecer um de seus olhos como sacrifício…
Estaria o jovem atirador disposto a ceder um de seus olhos para saber a
localização do poder que desejava?
Sem
sequer titubear, o personagem arrancou o olho esquerdo e estendeu para a velha
bruxa, mostrando que era corajoso – ou louco! – o suficiente. É claro que isso
trouxe consequências, principalmente para um atirador, que tem de se valer de sua
visão para mirar seus alvos. Por sorte, o ferimento que sangrava profusamente
foi rapidamente curado pela magia de Ravena. A bruxa parabenizou a coragem do
rapaz, comeu o olho sacrificado e em seguida tocou o olho são de Jorge, que
passou a enxergar chamas azuladas luminosas como almas penadas. As chamas,
dizia a velha, guiariam rumo a cidade maldita.
Mas e quanto ao cristal? Bem, o grupo indagou a feiticeira sobre a joia, mas a anã cutucou Ravena e sussurrou que já havia resgatado o item. Ravena acalmou a todos e os induziu a deixar a velha bruxa para trás, mesmo que ninguém tenha entendido nada. Antes de partir, porém, Ravena avisou a feiticeira lagarto que voltaria para enfrentá-la, pois “duas bruxas não podem dividir o mesmo espaço”.
Arte por Ray Rubin.
De volta a Punjar
Quatro
dias depois do ocorrido, a majestosa e miserável Cidade-Estado estava bastante
movimentada. Segundo o que cantavam os menestréis e diziam os boatos, um grupo
de três heróis valorosos havia invadido a floresta da bruxa, enfrentado criaturas
tenebrosas e matado a feiticeira, encerrando a maldição que assolava o povo da
região.
Goblin,
Maria Márcia e Ravena contavam as ricas moedas que haviam obtido a partir da
negociação com o rei e sua conselheira. Nada menos que três mil moedas de ouro,
muito mais do que haviam visto em todas as suas vidas. Apenas os três haviam
sido creditados pelo “heroísmo” por uma “estratégia de popularidade” do rei,
que queria que aqueles se tornassem figuras famosas dentro das muralhas de
Punjar. Estava tudo muito bem, mas Maria Márcia só se perguntava uma coisa: o
que a esquisita conselheira do rei faria com o cristal místico? Bom, talvez
isso não fosse importante.
Houve um
desentendimento quando Goblin sugeriu que não dividissem o ouro corretamente
com seus colegas, ficando eles mesmos com a maior parte. As garotas, no
entanto, discutiram dizendo que não, pois todos haviam arriscado suas vidas!
Jorge, que ouviu tudo em segredo, ficou extremamente irritado com Goblin e teve
uma briga feia com ele. Ravena interveio e apaziguou a situação, acalmando os
ânimos de todos e repreendendo o anão avarento, pois agora tinham algo mais
importante a se preocupar. Logo partiriam rumo ao objetivo de Jorge.
Fora de
jogo, o jogador Thigas ficou irado com o jogador Arthur e quase rolou briga de
verdade. Pensando agora, até que foi bem engraçado. Mas, na hora, os ânimos
ficaram bem tensos.
A estrada
para fora das muralhas se mostrava logo adiante, a visão fantasmagórica de
Jorge seria agora o guia em busca do temido Fruto do Diabo e da lenda das
Bruxas de Rahdomir.
Considerações Finais
A sessão
em questão ocorreu há alguns meses, mas minhas anotações me ajudaram a manter
os acontecimentos frescos na memória. A Trupe do Pacto é uma campanha muito
querida por mim e pelos demais jogadores, pois é uma perspectiva bem diferente
do “heroico padrão”, num estilo bem old school nesse sistema maravilhoso que é
o DCC RPG.
Olá Lucas, fico feliz em ver mais uma vez a continuação das aventuras da trupe do pacto. Estou curioso para ver o que vai acontecer a seguir!
ResponderExcluirQuanto a minha experiência com o DCC... foi um pouco decepcionante, eu tive que ouvir "é um D&D piorado". Aprendi que muitos dos meus amigos são muito combadores e controladores e não gostam de jogar com coisas aleatórias. Muitos deles só jogam com os mesmos esteriótipos sempre: um deles, sempre é anão clérigo, a anos e nunca muda, outro, não gosta de elfos de modo algum, e um, quando o personagem favorito dele morreu ele quis sair da mesa, mesmo tendo ainda 3 outros de nivel 0. Emfim, DCC é maravilhoso, mas não é para todos. Fico feliz que você e seu grupo estejam curtindo o sistema, acho que ele é melhor se apresentado a novatos mesmos, que não conhecem o peso de "não ter três 18s" na ficha, e só querem curtir.Vou tentar mudar o grupo e ver no que dá. No mais, um abraço pra vocês e estou de olho.
Saudacoes, Seph! Me sinto honrado em tu acompanhar os diarios da trupe com tanto carinho, isso que me dá gás pra continuar escrevendo.
ExcluirLamento muito pelo teu grupo nao curtir a pegada de DCC... Nas primeiras vezes que joguei, isso tambem aconteceu: muitos jogadores frustrados, combeiros decepcionados e gente desanimada. Eu busquei compreender, afinal, DCC realmente nao é pra todo mundo - old school em geral, na verdade. Espero que tu tenha melhores experiencias e continue jogando esse sistema maravilhoso. Sucesso!
Bom, particularmente não curti muito a ideia pois não tinha jogado nada parecido. Mais com o tempo acostumei e acabei fazendo personagens como Jorge por exemplo, e bom lhe desejo uma boa jogatina e melhores experiencias a partir de agora.
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