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Posted by : lu reynaud
sexta-feira, 17 de junho de 2016
Capítulo 5: A morte sem adeus
[Natália]
Naquele
corredor minúsculo, eu estava caindo enquanto Deadhead avançava rapidamente em
minha direção – e eu sabia que se o tocasse iria morrer, logo botei o pé em uma
pedra e pulei por cima dele. Caí machucando o joelho direito. Deadhead virou
com o rosto esquelético e avançou novamente, fechei os olhos aceitando a morte,
mas não morri.
- Não
toque na minha mestra! – ouvi uma voz estridente dizer.
Um
gato falante havia acabado de salvar a minha vida. Não, eu não ia fazer
perguntas.
Corri
e chutei Deadhead onde a faca estava, e ele cambaleou, então aproveitei, peguei
o gato e dei dois passos para trás. Deadhead estava longe de estar morto, eu
sabia disso, mas eu ganharia tempo se ele estivesse longe.
- Quem
é você, gatinho?
- Meu
nome é Félix, vim salvar você! O poder de Deadhead não me mata.
- Bom
garoto...
Eu
precisava de tempo, ou ao menos de espaço.
Deadhead
levantou as mãos e caveiras vermelhas vieram na minha direção, eram mais do que
eu podia contar ou até mesmo desviar, e sem a faca, fui atingida por quase
todas elas, que explodiam ao tocar meu corpo e me levavam de um lado para outro,
enquanto Félix também estava sendo ferido.
Meu
corpo inteiro sangrava, eu não ia aguentar muito tempo. Com os óculos rachados
eu mal podia enxergar Deadhead na minha frente, espaço entre nós diminuía a
cada segundo e eu não podia me mover para os lados, não naquele espaço estreito
da morte.
Ele
estendeu a mão para tocar meu rosto. Respirei fundo. Meu nariz sangrou
novamente, como em todas as vezes que eu fazia isso.
Então
estávamos no meio de um deserto, distantes um do outro. Ele ainda corria na
minha direção, mas a faca ainda estava no peito dele, graças ao golpe que eu
havia dado anteriormente.
- Félix,
você veio me salvar, não foi garoto?
- Sim,
mestra!
- Então
derrube esse cabeça de caveira.
Félix
correu e com o impulso derrubou Deadhead, que gritou. Cheguei perto, eu mal
podia me mover, peguei a faca e enquanto eu sentia minha vida se esvair meu
nariz sangrava. Movi a alma dele para outra dimensão, longe do corpo e então,
eu estava no fim do caminho, os outros ainda fechados.
Fui
a primeira a chegar, logo passei a mão em Félix e sentei no chão.
Naquela
noite choveu no deserto, e a chuva pegou fogo.
[João]
Cheguei
no fim do caminho andando ao lado de Firebrand, uma pessoa gentil apesar de
tudo. De natureza calma ele me revelou os planos, pois assim como Tim, um
portador forçado, Fire nunca escolheu ser um guardião. Ele vem enfraquecendo o
poder de Slender há centenas de anos e por fim, dois anos atrás conseguiu
ajudar Noah a sobreviver no dia do seu aniversário. Mesmo assim aquilo era uma
forma de ajudar todos os portadores e como se ele deixasse de ser guardião, sua
vida teria um fim, ele continuava ali, tentando ajudar todos, colocando um fim
nessa maldição, nessa maldição da humanidade.
Cheguei
ao fim do caminho e encontrei Natália no chão e lá estava ela com Félix. A
curei com o diário e continuei com meu jeito.
- Então,
o gato ajudou?
- Não!
– Ela sorriu.
- Não?
- Não?
– Grunhiu Félix.
- É
brincadeira, gente – Ela sorriu ajeitando os óculos – Vocês dois salvaram minha
vida, obrigada.
- Eu
sou o incrível gato Félix!
- Mas
e então, João, como foi com Firebrand? Você não parece ferido.
- Fire
é bem legal, não lutamos, ele não está de um lado diferente de nós.
Conversamos
enquanto olhávamos nossos amigos saírem dos caminhos, quatro deles, ao menos. Natália
começou a chorar, e eu desejava não ser verdade. O som do sorriso dele veio
fundo em minha mente. Mas não era real, nunca mais seria real, não importa
quantas vezes eu escrevesse seu nome no diário.
[Gilson]
Persolus
me pegou em sua armadilha: dezenas de facas saíam do chão e cortavam minha
pele. Eu devia proteger o livro a qualquer custo, se ele fosse destruído, minha
vida iria junto, então me mantive de joelhos apenas por força física – eu não
conseguia sentir alguma parte do meu corpo que não estivesse machucando. O
sangue caía sobre meus olhos e dificultava minha visão.
- Ah,
então você ainda está vivo?
Conjurei
uma magia de cura. Ele conjurou uma magia de ataque.
Eu
me curava enquanto ele me feria, mas ele era mais forte. Tentei me aproximar
sem comprometer o livro, mas a capa estava com arranhões. Nenhuma folha podia
se perder, mas não importa o quanto eu andasse, eu sempre estava distante dele.
- Você
está em um nível tão baixo que nem mesmo pode enxergar.
Lembrei
do item de Vanderson e me concentrei. Arrisquei minha vida para abrir as
páginas do livro e sussurrar algumas palavras: quando olhei para a frente, Persolus
estava imponente, sentado em um trono, e meu corpo estava gasto, sem nenhuma
magia, porém nada ferido.
- Então,
Persolus...
- Finalmente
pôde ver através das ilusões então! Parabéns garoto, parabéns. – Persolus batia
palmas e eu mal conseguia me colocar de pé. Aquilo me dava raiva.
- Meu
livro de ilusões é o meu favorito sabia? – Disse ele apontando para o livro que
ele levava.
- Agora
eu descobri.
- Sabia
que você o primeiro a ver que era ilusão?
- Me
sinto honrado por isso.
Persolus
era uma pessoa muito falante, falava sobre como era o melhor, ou o mais
poderoso ou coisas assim. Mas enquanto isso eu lembrei que, sem magia, um bruxo
conjura usando sua própria vida.
- Viu,
esse livrinho aqui venceu você! – Persolus ergueu o livro sobre a cabeça e
começou a rir.
- Lança
negra! – Uma lança de magia perfurou o livro. O livro é conectado a alma do
bruxo. Persolus começou a pegar fogo. E eu estava de joelhos no fim do caminho.
Caí
com o rosto no chão, João veio me ajudar.
[Leonardo]
Antes
de cair no chão completamente, usei o último poder da máscara, sumi e apareci
na frente de Swain, invoquei minha katana e cortei no pequeno espaço entre nós,
entretanto ele parou o golpe com as mãos e veio novamente pra cima de mim. Continuei
apenas olhando enquanto a distância se encurtava. Foi bem menos de um segundo.
Me
abaixei no último momento, mudando meu equilíbrio para o outro pé e desviei
usando meu ponto de apoio para cortar o corpo do meu oponente na base da cintura. Senti a katana
tocá-lo por um segundo, mas com um giro ele saiu dali e então desviou.
Estávamos
de novo frente a frente, eu com uma incrível dor de cabeça, ele sem um pedaço
de roupa, com um pequeno corte.
Respiração.
Por
um segundo era tudo o que se podia ouvir naquele lugar, então os dois atacaram.
Desviei dos golpes vindos das mãos de Swain e mesmo assim o ar me feria. Eu
tentava cortar na área onde as mãos estavam, e algumas vezes consegui tirar
alguns pedaços de luva, nas poucas vezes que nossos olhos se cruzavam, eu
tremia com aquele sorriso macabro, estático.
Mas
então resolvi sorrir de volta. Mudei de pose e preparei a espada, dei um passo
pra trás quando ele avançou e fechei os olhos. Fiquei parado.
- Então
garoto, aceitou morrer pelas mãos de Swain? – Ele atacou minha direita, errando
o golpe.
Em
uma luta, quando sua vida está em jogo, mesmo que você não queira, seu corpo
vai desviar. De acordo com meu ponto de apoio, ele atacou onde meu desvio seria
certo, mas eu permaneci estático, indo contra o que parecia. No momento após o
erro do golpe inimigo cortei de baixo pra cima quebrando sua máscara.
Ele
estava certo, embaixo não tinha nada.
Cheguei
sem precisar de tanta ajuda médica. Alguns amigos riam. Vanderson estava com um
olhar diferente para a vida, e eu sabia disso apenas olhando em seus olhos.
[Vanderson]
Nem
mesmo com a câmera eu podia ver alguma outra coisa além da escuridão naquele
lugar. Resolvi me concentrar então na única pista que eu ainda tinha dali: reconheci
o rosto de Cursor, mesmo sem nunca ter visto, apenas pela voz. Talvez não fosse
com os olhos que pudéssemos enxergar ali, então fechei os olhos e deixei minha
mente se concentrar. Permiti que minha manopla aparecesse e andei devagar.
Cursor
havia me deixado viver na primeira vez, se eu caísse de novo, iria morrer. Ela
atacou, seu bastão bateu na minha manopla, colocada acidentalmente por mim ali.
- Então
você começou a ver? Ótimo, odeio os cegos.
- Estou vendo, mas... Estou de olhos fechados...
Como?
- Você
cresce acreditando que é com os olhos que você enxerga, e pessoas como o
Welldone, se é que posso chamar aquilo de pessoa - Cursor coçou o queixo –
Adoram essas coisas que vocês tem.
- Ele
adora porque não tem olhos.
- Nunca
teve, mas ele sempre enxergou mais que vocês, humanos.
- Você
disse que já teve olhos, o que aconteceu com eles?
- Os
tirei. Eu tirei meus olhos para começar a enxergar, enxergar diferente de você,
nesse lugar ao menos.
- Eu
quero ver, Cursor.
- Então
me vença! Meu portador!
- Porque
pede isso?
- Meu
destino, eu vivo para trazer a visão ao mundo.
Levei
uma rasteira. Coloquei a mão no chão e fiquei de pé, dei um soco no estômago de
Cursor e me afastei. Juntei energia nas mãos. Ela já tava perto. A arma de
médio alcance não me deixaria fazer isso.
O
bastão acertou o lado do meu rosto e me fez tremer, meu ouvido sangrava. Acertei
Cursor e a derrubei, ela revidou com o bastão, entretanto eu o agarrei e quebrei.
Carreguei energia nas mãos e soltei como um relâmpago. O espaço de Cursor
rachou e quebrou.
Eu
nunca saberia como eram seus olhos, mas sei que ela sorriu no final. Saí dali e
sentei numa pedra. A maior parte do grupo já estava lá. Olhei os céus de olhos
fechados.
[Lucas]
Ele
era muito mais forte do que eu, mas eu sempre soube disso, O Observador era um
homem-monstro, braço direito de Slender, e também o ser criado para derrotar o
próprio Habit. Eu não conseguia acertar e ele não parecia que iria errar uma
vez sequer, eu me movia no tempo, contudo isso não parecia fazer diferença, ele
sempre estava lá. A crença de que o tempo era apenas uma dimensão estava viva
contra aquele oponente. Ele me atacava de vários lugares, mas eu não conseguia
acertar uma única bala.
- Então,
líder – Ele falava sarcasticamente – Você não vai me fazer sangrar?
Eu
já não conseguia falar, estava completamente perdido por não conseguir desviar
de um único golpe. Ele estava em todo lugar e ao mesmo tempo não estava em
lugar algum. Como isso era possível?
- Isso
não é possível, meu jovem, esse é meu poder.
- Você
faz acontecer tudo que é impossível...
Ele
parou na minha frente, minha arma estava em sua testa. Disparei.
- Como
desviar de balas assim – Ele ria alto – Viu, você nunca me derrotará!
Mas
ele devia ter uma fraqueza. A inteligência sempre foi meu forte.
Ele
correu de frente e me atacou, voltei a defender. O visor do meu relógio rachou,
o era impossível, mas eu já estava acostumado com aquilo, depois de tudo. Ele
atacou de frente então eu... Avancei.
Ele
errou o golpe. Tecnicamente isso seria impossível. Sorri e corri com o pouco de
energia que restava em mim, cheguei ao fim dali. Estávamos numa cúpula de
energia, e ali, tudo que era impossível iria acontecer, e isso não se resumia
aos golpes dele, e por isso meu item não funcionava.
Chamei
as pistolas e disparei pra trás. O sorriso desapareceu do rosto dele. O tiro
pegou na testa. Ele estava na minha frente.
Sai
dali e fui recebido por alguns amigos. Os sete caminhos estavam abertos.
Natalia
chorava. Comigo, éramos seis.
[Thales/Habit]
Cortei
o ar a minha frente para atingir Scars porém ele desviava e contra-atacava, era
um começo ótimo de batalha. Os instintos e a cura de Habit me mantinham vivo já
que a cada segundo próximo daquele cara, feridas se abriam em meu corpo. Todo
golpe que eu acertava nele se tornava automaticamente uma cicatriz.
- Divertido
– Gritou Mr. Scars.
- Não
mais do que pra mim! – Respondeu Habit.
- Só
é uma pena que não vai aproveitar muito mais – Terminei.
Ele
desviou do golpe de foice dando um passo pra trás, movi meus pés e dei um chute
em seu estômago, minha foice sumiu e as espadas negras apareceram. Ele desviou
de 5, segurou duas. A última estava em minhas mãos. Ataquei, suas mãos não
podiam conter meu golpe e um grande corte apareceu em seu peito.
Ele
devolveu o rasgo em meu ombro, que sangrou e sumiu. As espadas se moveram e
perfuraram o corpo de Scars, todavia ele contra-atacava usando uma das minhas. Faíscas
voavam apesar da forma sombria das lâminas.
A
perfuração constante não permitia que as cicatrizes aparecessem. Olhei para o
brilho das algemas em meu cinto.
- Vou
apostar tudo, Habit!
- Vamos
lá garoto!
Comecei
a usar o teleporte, aparecia de vários lugares acertando Scars, que se curava,
defendia, me machucava. Acertei seu queixo e dei um passo pra trás. Pulei. As espadas negras sumiram.
- Lança
Infernal!
Uma
lança roxa imensa surgiu e perfurou o corpo de Scars, que se curava, mas dessa
vez demorava mais. Aproveitei, avancei com a foice. Ele me cortava enquanto
isso. O joguei pra trás.
A
ligação entre mim e Habit ficava mais fraca.
- Vingança
Infinita.
A
ligação se quebrou. Todas as feridas que Scars causou apareciam em mim agora. Mas
dei nele, um dano que ele nunca podia curar.
- Thales...
Não morra garoto, venha, vamos fazer o contrato de novo. – Dizia Habit, mas eu
não conseguia sequer me mexer.
- Você
foi um bom amigo, coelho.
- Você
foi... Também.
- Acho
que o coelho derrotou o lobo.
- Não...
Foi o garoto que derrotou.
Habit
me permitiu ver ao longe o caminho aberto. Meus amigos encaravam o Slenderman
de perto. Senti tristeza. Então não senti mais nada.
- Adeus...
Meu amigo. – Sussurrou o espírito de Habit, vagando novamente pelo mundo.